Você sabe o que é camapum?

30/12/2009 01:43

 

Camuflada em folhas secas, saboreada pura ou coberta de chocolate, delicada e deliciosamente ácida, a physalis faz sucesso no Brasil

A physalis é uma fruta que tem tudo para ser considerada exótica: nome, aparência e preço. Apesar disso, no Norte e Nordeste do país é comum nos quintais e é conhecida por nomes que não podiam ser mais brasileiros: camapum, joá-de-capote, saco-de-bode, bucho-de-rã e mata-fome. Desponta selvagem nas paisagens do Norte e do Nordeste. Popular nos quintais das casas do interior da Bahia. No Pará, cresce em abundância. O costume local sugere o uso das raízes da planta (homônima) no tratamento da hepatite e da malária. Os índios da Amazônia batizaram a physalis de camapu. Essa variedade nativa é a Physalis angulata, da família das solanáceas, a mesma do tomate, da batata, do pimentão e das pimentas.

Originária da Amazônica e dos Andes, a physalis possui variedades cultivadas na América, Europa e Ásia. Na Colômbia, é conhecida como uchuva e no Japão, como hosuki. É uma planta arbustiva, que pode chegar aos dois metros de altura.

Uma fruta pequena, bonita, delicada e de sabor ácido começa a brilhar nas mesas requintadas do país, ao fim das refeições, em parceria com o café. A physalis apresenta-se pura ou recoberta de uma camada de chocolate, em fascinante contraste de cores e sabores. Nativa das regiões temperadas e tropicais, tem a parte comestível protegida por uma delicada folha seca, assemelhada ao papel de arroz. A cor da fruta vai do amarelo ao verde, passando pelo vermelho.

Apesar da popularidade entre os habitantes das florestas, a physalis só agora começa a conquistar status no meio urbano. Os supermercados das grandes capitais, porém, oferecem a fruta importada da Colômbia, já que a brasileira tem produção ainda bastante tímida. Além de saboreada in natura, a physalis revela-se ótimo ingrediente para sorvetes e compotas. Mas talvez a mais perfeita de suas combinações seja com o chocolate. No restaurante paulistano Palazzo Grimaldi, o chef italiano Luciano Boseggia manda physalis parcialmente cobertas com chocolate junto com o expresso, acomodadas num pratinho de petits-fours. A feliz parceria da fruta com o chocolate também pode ser conferida nos bombons da marca artesanal paulistana Busy Bee. Pelo primor da combinação, pode-se apostar que a lista de delícias à base da fruta e do chocolate deve aumentar no país.

É rica em vitaminas A, C, fósforo e ferro, além de alcalóides e flavonóides. Purifica o sangue, fortalece o sistema imunológico, alivia dores de garganta e ajuda a diminuir as taxas de colesterol. A população nativa da Amazônia utiliza os frutos, folhas e raízes no combate à diabetes, reumatismo, doenças da pele, bexiga, rins e fígado. Estudos científicos recentes em andamento e ainda não concluídos revelaram forte atividade como estimulante imunológico combatendo alguns tipos de câncer além de efeito antiviral contra os vírus da gripe, herpes, pólio e HIV tipo 1. Mais recentemente cientistas da Fundação Oswaldo Cruz do Ceará descobriram uma substancia chamada "physalina" que atua no sistema imunológico humano evitando a rejeição de órgãos transplantados. A FioCruz e seus cientistas estão requerendo a patente desta descoberta.

Fonte:https://tvtem.globo.com/culinaria/receita.asp?EditoriaID=8&codigo=4012